O Sex Pistols não foi apenas uma banda de punk rock — foi uma bomba que explodiu no coração da Inglaterra nos anos 1970, sacudindo tudo que era considerado “normal” na música, na cultura e no comportamento da juventude. Com uma atitude antissistema, letras provocativas e um visual que desafiava qualquer convenção, o grupo marcou uma geração e mudou os rumos da música para sempre — mesmo com uma carreira curtíssima e turbulenta.
No começo da estrada, eles já enfrentavam obstáculos. O nome “Sex Pistols” causava tanto desconforto que muitos pubs e casas de show simplesmente se recusavam a colocá-los na programação. A solução? Usar um nome falso. Eles passaram a se apresentar como SPOT, um acrônimo de Sex Pistols On Tour, para driblar censuras e conseguir manter a turnê viva. O plano funcionava até alguém descobrir quem eles realmente eram — o que geralmente terminava em caos, protesto e manchetes.
Boa parte da polêmica em torno da banda era arquitetada pelo empresário Malcolm McLaren, um verdadeiro mestre da provocação. Ele incentivava os garotos a extrapolarem os limites e, muitas vezes, entregava palavras-chave para inspirar novas músicas. Uma delas foi “submission” (submissão). Ao invés de seguir a ideia literalmente, Johnny Rotten (vocal) e Steve Jones (guitarra) resolveram fazer piada: transformaram a submissão em uma missão submarina, e a faixa “Sub-Mission” entrou para a história com sua sonoridade suja e letra nonsense — uma crítica disfarçada, ou apenas um deboche? Com os Pistols, era sempre os dois.
Mas nem só de anarquia vive uma banda punk. A tragédia também marcou a trajetória do grupo, especialmente com a entrada do baixista Sid Vicious, ícone tão carismático quanto autodestrutivo. Sid não era um músico técnico — longe disso — mas sua presença encarnava o espírito anárquico da banda como ninguém. Infelizmente, ele também se envolveu profundamente com drogas, especialmente heroína.
O momento mais sombrio da história da banda aconteceu em 1979, após a dissolução do grupo. Sid foi acusado do assassinato de sua namorada, Nancy Spungen, em um quarto de hotel em Nova York. Antes do caso ser julgado, Sid morreu de overdose de heroína — uma dose comprada com o dinheiro dado por sua própria mãe, que acreditava que o filho usava apenas cocaína e queria “ajudá-lo” a aliviar o sofrimento na prisão. A história virou lenda, e Sid se tornou, para muitos, o mártir punk definitivo.
Apesar de ter lançado apenas um álbum de estúdio, o icônico Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols (1977), o impacto cultural dos Pistols é incomparável. Eles criaram uma trilha sonora para o desgosto juvenil da época, rasgando padrões e dando voz a uma juventude cansada do establishment, do conservadorismo e da mesmice do rock progressivo.
O Sex Pistols durou pouco, mas deixou um rastro eterno — de ruído, de revolta e de liberdade crua. Foram a faísca de uma revolução musical que nunca mais se apagou.
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